quinta-feira, 7 de julho de 2022

O mal que a impaciência me faz...

Acabei de ter uma epifania. 

O caso é o seguinte: aqui em casa eu tenho não tenho uma smartv, mas eu tenho um Chromecast (um dispositivo que auxilia meu aparelho de TV a se conectar com a internet "transformando" essa TV normal em smartv. Esse dispositivo simplifica a minha vida e me dá alegria a cada dia que passa já que me possibilita de assistir na TV tudo que eu vejo no celular, tablet ou computador, de maneira totalmente sem fio. Entendeu a importância que meu amado Chromecast tem pra mim? Visto que minha TV não tem nem antena...).

Há quase dois meses atrás, tivemos um problema com o roteador aqui de casa e ele teve que ser resetado pro técnico fazer as alterações que possibilitariam o roteador de continuar cumprindo suas funções. Esse fato me fez ter que esquecer a rede de wi-fi de todos os meus aparelhos eletrônicos para que eu conseguisse me reconectar e continuar usando a internet. E nessa safadeza aí o meu namorado tão amado chamado Chromecast, não estava encontrando a rede, o deixando sem conexão com o wi-fi daqui de casa... E eu fiquei enfurecida.

Tentei tudo que dava pra ser feito pra reconectar o aparelho no wi-fi porém não tive sucesso em nenhuma dessas tentativas, fiquei muito irritada no início e depois a raiva deu lugar a uma tristeza besta, o que me fez simplesmente desistir de continuar fuçando no aparelho. Como em tudo o mais na minha vida, eu atribui também a esse ocorrido um significado além do que realmente se vê e deduzi na minha cabeça que não era o momento ideal pra continuar tentando porque eu me gastaria a toa. Saiba que o rompante de emoções conflitantes me deixou com uma enxaqueca horrorosa por uma semana inteira e eu tive que ir até o hospital pedir algum socorro pois aquela dor estava ficando cada vez pior...

Mas a vida seguiu, né?!

Sem a TV pra assistir meus filmes e séries preferidos e ouvir minhas músicas e podcasts, eu retomei vários antigos hábitos para sair do tédio que a falta da TV trouxe e tentar zerar a raiva pra ver se passava a dor de cabeça... Comecei a ler mais, escrever mais, inventei várias modas com edições de vídeos e fotos pro Instagram pra ensaiar minhas habilidades em design gráfico e edição, e também pra dar um pouco de asas à minha imaginação ao exercitar minha criatividade e materializar minhas idéias. Inventei de fazer algumas acrobacias - dessas que as pessoas normais conhecem pelo nome de "exercícios" - e passei horas e horas sentada olhando pra parede, simplesmente vivendo dentro da minha cabeça, meditando e refletindo, me acalmando. Aproveitei a privacidade que tenho por morar sozinha para dar início a várias horas de masturbação por vários dias seguidos e tive orgasmos realmente intensos... E também aprendi a cozinhar algumas comidas diferentes que eu nunca tinha provado, com os temperos que usei.

Tipo: eu transformei aquele tempo ocioso, que eu geralmente desperdiço vendo TV, em algo produtivo e isso fez muito bem pra minha cabeça. Sim, parece algo tremendamente idiota... Mas te imagina privado repentinamente de um dos teus vícios e experimenta a sensação que vai te invadir e depois vem me apontar o dedo. Por mais que eu apenas transmito pra TV o que vejo no celular, tem muitas coisas que são BEM MELHORES de assistir na TV. E eu sou viciada em filmes e séries, então... Me obriguei a me ocupar pra não ficar histérica dentro de casa, porque a essa ira me traria enxaquecas intensas... E foi divertido esse período. 

Não, não tenho amigos e nem vida social. O que eu vivo é sozinha na minha casinha, com meus bichos, meus aparelhos eletrônicos, meus livros e cadernos de anotações, e minhas músicas. Sim, eu sei que deveria sair mais e transar com alguém além de apenas usar as mãos. Não, não quero tentar porque o mundo externo me irrita e me dá náuseas. E se você ainda quer continuar lendo, leia e pare de opinar nos meus causos. Se não quer continuar lendo, vai arrumar outra coisa pra fazer e boa viagem. Sim, contar essas coisas me deixou com raiva.

Agora vem a virada...

Hoje, eu estava totalmente relaxada, tranquila e me divertindo muito lendo um livro que comecei a ler semana passada, quando meu sobrinho me manda mensagem dizendo que conseguiu reconectar o Chromecast no wi-fi aqui de casa. Eu li aquilo, agradeci ele por avisar, ignorei o fato de que agora eu poderia voltar a assistir filmes e escutar música alta na minha amada TV e continuei lendo, rindo alto com a leitura. Não era de se esperar que eu tacasse o livro longe e fosse ver TV? Levando em consideração o meu vício, sim, e quando eu parei pra pensar na minha reação e na indiferença que senti por algo que antes era meu vício - e lembrando do tamanho do fiasco que eu fiz quando fiquei sem TV - me peguei realmente surpresa comigo mesma. Também me senti muito idiota... Aquele escândalo que me trouxe dores de cabeça horríveis e me fez gastar pra ir no médico NÃO AGREGOU EM NADA e eu caguei pra TV.

Quando fui tomar banho comecei a refletir sobre tentar deixar de lado algo que não está funcionando pra mim quando estou tentando usar, e principalmente não me descontrolar emocionalmente quando algo, de alguma forma, travar... Talvez as coisas resolvam travar quando não é o momento para tal coisa ser útil e essa coisa precisa sair de cena, trazendo a oportunidade pra que eu dê espaço e visibilidade pra projetos ou situações que serão mais lucrativos pra mim naquele período. Veja bem, um mês eu aprendi muita coisa e produzi bastante conteúdo - útil ou inútil - e refleti sobre minha vida, fiz planos e botei algumas coisas em prática... Mas sinto que realmente relaxei e acalmei minha mente furiosa.

Agora, usando essa presepada da TV pra fazer uma analogia com todas as situações da minha vida que me trouxeram frustração quando simplesmente não funcionaram do jeito que eu queria e na hora que eu exigia... Percebo o quanto tenho sido uma idiota. Pensando no que aconteceu hoje e comparando com os erros que cometi no passado, vejo agora que eu deveria ter ignorado as coisas que estavam difíceis antes que a minha birra começasse e deveria ter dado abertura pra minha inteligência agir na minha vida, naquelas vezes...

Perdi muito tempo e muitas coisas ao surtar e jogar fora oportunidades boas que eu achei que estavam perdidas quando não se sucederam como eu gostaria. Sendo que era só se afastar daquilo por algum tempo pra pegar um novo fôlego - deixar de lado de alguma forma por um determinado período - e ir fazer algo útil e produtivo pra me distrair...

Quem sabe quantas coisas eu teria aprendido ou criado...? Quem sabe em que altura da minha vida eu estaria hoje...? Quem sabe quais traumas teriam sido evitados...? Quem sabe quantas alegrias ou quantas conquistas eu teria tido se eu mesma não tivesse me causado tantas perdas...? Quem eu seria hoje se não fosse quem sou agora?

A maior causadora das minhas frustrações é a minha impaciência. Que caralho! 

Agora que eu sei disso, talvez eu mude meu jeito de agir pra de agora em diante conseguir ter uma vida mais tranquila e menos dolorosa. Uma mínima mudança de atitude quando as minhas exigências se mostrarem mais urgentes que o planeta consegue girar, já vai estar me poupando de passar raiva. E eu tô começando a achar que eu sou sim capaz de me manter tranquila e paciente. Dizem que a paciência é uma virtude e eu te digo que é uma virtude que eu não tenho, mas ainda tenho o dom da inteligência, eu realmente acredito que posso melhorar a minha vida e passar a ser merecedora apenas das coisas boas que a lei do retorno puder trazer.

Uma moça feliz e satisfeita está prestes a dar uma dormida profundamente reparadora, tendo uma cama perfeitamente confortável pra deitar, um gato e um cachorro pra me abraçar... Mas os ventos que estão trazendo as mudanças permanecem soprando, focados na direção que devem me guiar e sabendo de cada oportunidade que se fará presente quando eu lá finalmente chegar. É uma longa subida até a glória mas eu já subi um degrau. Espero não regredir...

Nenhum comentário:

Postar um comentário